Blog do Barioni

PATUSCADA

Beira a patuscada a confusão em que o governo Lula se meteu no caso da eleição presidencial na Venezuela. Entre declarações desastrosas e omissão deliberada, o governo brasileiro cometeu uma penca de erros. Reproduz na diplomacia um jogo de sete erros cruciais.

  • 1 – Até as emblemáticas colunas de mármore do Palácio do Planalto sabem que há muito tempo o governo da Venezuela nada tem a ver com democracia. Maduro é um ditador sustentado por uma cúpula militar corrupta que se locupleta às custas do sacrifício da população.
  • 2 – Lula e o PT sempre se arvoraram em intransigentes defensores dos direitos humanos. Há décadas, a ditadura venezuelana mandou para o espaço o respeito aos direitos humanos. Manifestações populares de protesto sofrem repressão policial violenta.
  • 3 – O Brasil articulou um acordo diplomático, em Barbados, entre Maduro e líderes da oposição para estabelecer requisitos mínimos de uma eleição presidencial com transparência e dentro da ordem democrática. Esse acordo foi descumprido a partir da campanha eleitoral.
  • 4 – Ao afirmar que a oposição venezuelana pode recorrer à Justiça para denunciar fraude nas atas das sessões eleitorais, Lula faz uma piada pronta. Todas as instituições do Judiciário na Venezuela foram aparelhadas pela ditadura e se tornaram “puxadinhos” do governo.
  • 5 – É evidente o constrangimento do ex-ministro Celso Amorim, enviado do governo Lula para observar a eleição na Venezuela, diante da fraude na apuração dos votos. Amorim agarrou-se ao argumento da apresentação das atas eleitorais que, a esta altura, têm autenticidade duvidosa. A missão Amorim foi um erro grotesco de Lula.
  • 6 – O governo brasileiro passou a criticar as principais lideranças da oposição venezuelana e se cala diante das milhares de prisões, da perseguição política desencadeada por Maduro e de todas as arbitrariedades da ditadura.
  • 7 – O beneficiário direto da posição brasileira nesse episódio é Nicolas Maduro, um ditador sanguinolento, inescrupuloso, inimigo declarado da democracia. Saem chamuscados o Itamarati, o próprio Lula e o PT.

Isidro Bariono é jornalista