Estamos em pleno vale-tudo nesta fase pré-eleitoral. Alianças partidárias de ocasião, estranhas coligações, nebulosos acordos entre candidatos, oferta de espaços em futuros governos, compõem um quadro de indecência política e de refinado oportunismo.
Com mais de 25 partidos em funcionamento, a maioria deles irrigada pelo dinheiro público do fundo partidário, não há regra moral ou ética que impeça as incestuosas relações entre as candidaturas. O ambiente é de zona franca. Negocia-se tudo, como se a atividade política seguisse os mecanismos de uma bolsa de mercadorias, com direito até a transações no mercado futuro. Não há limites para as incoerências.
Na compra e venda de apoios, unem-se desiguais ideológicos, ferrenhos adversários de ontem trocam juras de amor e fidelidade, hoje. Sucedem-se os casamentos por conveniência. O conchavo nacional aponta numa direção, o regional para outra.
Observando a orgia partidária, instalada em todas as latitudes do país, é que se entende o desinteresse das lideranças por uma reforma política. Políticos de ocasião repelem qualquer ordenamento. Preferem, na verdade, praticar o sadomasoquismo político.
Isidro Barioni é jornalista